O que é bullying e por que suas consequências são tão graves?

Apesar de nova em nosso vocabulário, já ouvimos muito a palavra bullying. Ela veio para nomear uma série de violências que, infelizmente, é comum no período escolar e atinge, em cheio, as nossas crianças. É importante dar nome às violências que sofremos para que possamos combatê-las ao invés normalizá-las. Embora a temática já tenha sido bastante discutida, o assunto não foi resolvido e a conscientização sobre o bullying precisa continuar. Para entendermos um pouco mais sobre o assunto, batemos um papo com a psicóloga Taísi Corrêa da Silva Ledur. Vem conferir com a gente essa conversa!

Klin – Taísi, poderia explicar melhor para a gente o que é bullying?

Taísi – A palavra Bullying é de origem inglesa e refere-se à “valentão”. Essa expressão é pejorativa e indica o comportamento de pessoas, crianças, adolescentes e adultos que praticam violência contra outras pessoas.

A prática do bullying pode ser compreendida como um conjunto de violências que se repetem por período contínuo. A violência pode aparecer como: agressões verbais, comentários desagradáveis sobre a aparência física, violência psicológica com ameaças, intimidações, até agressões físicas, todas com intenção de humilhar e constranger a vítima.

A Taísi indicou uma matéria do site Brasil Escola que aborda o tema, caso você queira se aprofundar no assunto, clique aqui.

Klin – Existem tipos de bullying diferentes?

Taísi – Existem oito tipos de bullying diferentes, são os seguintes:

• Físico: agressões físicas de qualquer tipo.

• Verbal: são provocações através de xingamentos, apelidos, dentre outros.

• Escrito: bilhetes, cartas, pichações, desenhos depreciativos, ameaças escritas ou intimidações.

• Material: ter seus pertences danificados, furtados ou jogados no chão.

• Cyberbullying: são agressões por meios digitais, como redes sociais, aplicativos de conversas, e-mail, fotos, vídeos e posts compartilhados sem autorização na tentativa de ofender e humilhar a vítima.

• Moral: são falas ou imitações com intenção de difamar, intimidar ou caluniar a vítima.

• Social: criar situações ou rumores, ignorar, excluir, incentivar a exclusão para constranger.

• Psicológico: coerção da vítima para que ela faça algo que o grupo agressor deseja. São tentativas de manipulação através da pressão psicológica.

Caso queira se aprofundar no assunto, clique aqui.

Klin – Quais as consequências do bullying na vida das crianças?

Taísi – A prática do bullying pode levar a danos imensuráveis. Cada pessoa pode sofrer de uma forma, as mais comuns são: isolamento, dificuldade de socializar, autonomia reduzida, baixo autoestima e pouca confiança em si e no seu potencial, depressão, autolesão (automutilação), ansiedade, perda de sentido da vida e tentativas de suicídio.

Uma curiosidade: estudos sobre atentados escolares comprovam que alguns atiradores sofriam bullying na escola. Essa violência sofrida pelas vítimas retorna de forma violenta e desproporcional causando grandes prejuízos e colocando a vida de muitas pessoas em risco. Por isso, é importantíssimo que se converse sobre este assunto, pois é necessário criar uma rede de apoio às vítimas e aos agressores para combater este tipo de violência e não permitir que ela se agrave.

Clique aqui para saber mais.

Klin – A quais sinais os pais devem ficar atentos? E como devem proceder?

Taísi – É importante acompanhar o estado emocional e psicológico dos filhos, prestar atenção se há muita irritabilidade, falta de confiança, evitação de ir para a escola ou algum local específico, isolamento, choros frequentes, lesões no corpo. As crianças sempre dão sinal de qualquer violência que possam estar sofrendo, é preciso conhecer seus filhos e acompanhar os passos, acessos na internet, qual o grupo que estes estão envolvidos.

Para lidar com o bullying, é preciso formar uma rede de apoio com familiares, escola ou local onde frequentado para garantir a segurança. Essa rede de apoio precisa conversar e alinhar as medidas de apoio para com a vítima, inclusive deixar claro para ela que estas são as pessoas em quem ela pode confiar qualquer coisa. Além disso, é importante a consulta com um profissional da psicologia, para que desta forma se possa acompanhar a saúde mental da vítima.

KlinComo os pais podem abordar o assunto com a criança, na tentativa de que ela não sofra ou cometa bullying com os colegas?

Taísi – A partir da observação do estado emocional da criança, os pais podem indagar diretamente: “Tudo bem filho? Como foi seu dia na escola hoje? Venho observando você, me parece triste quando chega da escola. Tudo bem por lá? Quero que saiba que pode contar comigo para o que precisar, estou do seu lado se precisar de mim”.

As crianças que sofrem bullying precisam de um apoio seguro de um adulto. Os pais, cuidadores, são essas pessoas que fornecem este espaço se disponibilizando e se interessando com amor pelos filhos. A confiança é essencial para os pais conseguirem conversar com seus filhos.

Pais, familiares e cuidadores próximos às crianças, afetivos e participativos evitam que seus filhos sejam agressores e agredidos. Caso venham a descobrir que os filhos são agressores, não se esqueçam que eles agridem para esconder um sofrimento, vulnerabilidade e até por medo de serem vítimas de bullying. Acolher o sofrimento e vulnerabilidade com responsabilidade para não deixar que a prática de bullying siga sendo uma estratégia de proteção.

KlinTaísi, gostaria de deixar mais alguma orientação sobre o assunto pra gente?

Taísi – Um recado importante: a prática do Bullying precisa ser combatida para que, não evolua para a intolerância da diversidade presente nas pessoas e culturas da nossa sociedade.

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