Os manuais de instrução caíram em desuso atualmente. Quase ninguém consulta. Em muitos casos, eles nem existem. Pais e mães, em algum momento, já desejaram ter um manual para criar seus filhos. No entanto, seria muito ruim se existisse um. Filhos são seres únicos e a criação de cada um acontece na interação com eles. É um processo de aprendizado para todos os envolvidos. Não existe caminho predefinido. Como cantam os Titãs: “É caminhando que se faz o caminho”.
A responsabilidade não é pouca e bate o medo de errar. Admitir o medo e reconhecer a incerteza são grandes passos. Demonstram a intenção de fazer o melhor, encarando a realidade. Mas é possível apontar algumas trilhas na relação com os pequenos.
Buscar sempre o equilíbrio é muito importante. Educar é algo colaborativo. Por isso, procure compreender seu filho, entender como ele funciona. Quais são as qualidades que ele (a) tem e também quais os defeitos. Elogie quando ele (a) fizer coisas boas e bem-feitas.
Cada um tem seu ritmo. Respeite o tempo dele (a). Não faça comparações com outras crianças. Outra coisa: seu filho (a) não é uma repetição sua. Ele (a) não reage e nem age igual a você, por isso, não exija isso dele (a). Muito menos tem que ser aquilo que você gostaria de ter sido. Muitas vezes, alguns papais e mamães acabam querendo que os (as) filhos (as) façam aquilo que eles gostariam de ter feito.
Aprenda a ouvir seu filho. Isso quer dizer que você dará atenção a ele (a) e também vai ajudá-lo (a) a se expressar cada vez melhor. Pondere se os argumentos apresentados por ele (a) fazem sentido e só volte atrás em suas determinações no caso de perceber que errou. Do contrário, mantenha-se firme em suas decisões. Isso também é muito importante.
É necessário estabelecer regras para as crianças. Os pequenos ficam inseguros se não existem limites. Não dá para saber o que é certo e o que é errado. Estabeleça uma rotina. Faz bem ter horário para estudar e para brincar, por exemplo. Neste ponto, é válido destacar que deve haver sintonia entre o papai e a mamãe, mesmo que estejam separados. Se cada um define uma coisa, a criança pode escolher quais regras obedecer ou desobedecer quando quiser, perdendo a noção dos limites.
E se houver desrespeito às regras? Nunca recorra a castigo corporal ou linguagem ofensiva. Uma opção pode ser punir com castigos ou retirada de privilégios. O melhor é orientar se ele fizer algo errado, mostrando o erro e explicando por que não deveria ter feito daquele jeito, mas, faça ele reparar o erro sempre que for possível.
Conforme os filhos vão crescendo, há necessidade também de promover a autonomia e a independência. Mas é importante manter regras durante todas as fases. O adolescente precisa ter momentos nos quais aprenderá a tomar decisões. Evite se intrometer ou proteger demais. No entanto, mantenha as regras. Mesmo que elas sejam quebradas. A adolescência é quando testamos os limites e questionamos as ordens. Sem problema, repita as regras e continue exigindo que se cumpra. Sem gritarias ou grandes alterações de comportamento. O mais tranquilo que conseguir. Mas de modo firme.
O exemplo dos pais vale durante todo o percurso, dos primeiros anos de vida à juventude. Até quando adulto ou pelo resto da vida. Mais do que qualquer ordem determinada. As crianças observam os adultos e suas atitudes. O clássico problema da bagunça de brinquedos pode ser trabalhado pelo exemplo. Tanto no sentido de verificar se o resto da casa também não está bagunçada (e sinalizando que o correto é assim mesmo) como se sentar com a criança e organizar as coisas juntos (e demonstrando que é algo bom de se fazer). Por isso, pense nos valores que você quer transmitir para seu filho, principalmente no sentido de verificar se são os mesmos que você coloca em prática na sua vida.
Outra coisa: seja claro (a) com as crianças. Explique o que quer direitinho. Sem deixar dúvidas. Se deseja que ele faça algo de determinada maneira, dê todos os detalhes possíveis. Às vezes, estamos inseguros ou incertos com relação a uma exigência e transmitimos isso para os pequenos. Neste caso, você acaba confundindo a criança e gerando angústia, pois ela não sabe o que deve fazer ou como proceder.
E o mais importante: seja quanto tempo você disponha com seus filhos, vivencie intensamente este momento. O que vale, realmente, é qualidade e não quantidade. Esteja de maneira plena. Divirta-se com os acertos e os erros dos pequenos. Cada um precisa aprender a expressar o que é e este processo é muito lindo. Se conseguirmos fortalecer nossos filhos nos primeiros anos, daremos condições para que ele enfrente qualquer situação ao longo da vida. O que as crianças precisam é se sentirem seguras. Transmita isso expressando seu amor e respeito por elas.
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