Hiperatividade e falta de limites nas crianças

Uma dúvida frequente que surge quando uma criança se mostra agitada e distraída demais é se estamos diante de um caso do famoso TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) ou da também conhecida falta de limites.

Difícil tarefa de definir quando vivemos em um mundo repleto de estímulos que a todo momento agita e distrai nossos pequenos para depois querer que eles se enquadrem em modelos de bom comportamento. Por outro lado, muitas mamães e papais têm dificuldade de impor limites ou superprotegem seus filhos.

Mas nenhum caminho é fácil neste caso. Há quem aponte, entre profissionais da área da Saúde, o diagnóstico e a medicação do TDAH como saída acomodada. Seria menos incômodo dar um nome para a inquietude da criança e um remédio para solucioná-la. No entanto, é necessário observar uma série de critérios e consultar vários profissionais. Sem considerar o fato de que a vida dessa criança estará marcada pela patologia.

A oportunidade de reconhecer uma patologia, por outro lado, trouxe alívio ao sofrimento de muitas crianças que realmente vivem o TDAH. Por isso, se seu filho (a) tem dificuldades de concluir uma atividade, se distrai por coisas sem importância, é ansioso, não consegue se organizar, apresenta inquietude mental e corporal ou problemas com o sono, ele merece sua atenção. Importante verificar se é algo persistente (no mínimo ocorre há seis meses) e em ambientes diversos (com a família, na escola). Também se tais comportamentos não estão ligados a fatores específicos que o provocam, como algo que gera seu interesse ou é consequência de algum acontecimento em sua vida. Caso necessite, é importante levar a criança a um psicólogo ou um médico para iniciar o processo de investigação diagnóstica.

Vamos aproveitar e refletir um pouco sobre a nossa dificuldade de colocar limites nas crianças e de olhar para elas como seres únicos que se manifestam cada um do seu jeito diante dos acontecimentos da vida.

A dificuldade de impor limites pode estar ligada ao tipo de criação que tivemos, à culpa por um comportamento nosso ou até mesmo pelo nosso narcisismo. Por exemplo, pais que foram muito reprimidos, podem adotar uma criação mais permissiva. Deixam seus filhos mais livres para não querer reproduzir o que seus pais fizeram com eles. O importante, no entanto, é sempre buscar o equilíbrio.

Também há a situação de casais muito ocupados que têm pouco tempo com os filhos. Às vezes, tentam compensar a ausência evitando dizer não. Mas a atitude só piora as coisas. Os limites fazem parte do processo de desenvolvimento das crianças.

Você já deve ter ouvido que vivemos em uma sociedade cada vez mais “narcisista”. As pessoas estão exageradamente preocupadas com seu próprio bem-estar. O termo vem de Narciso, o jovem da mitologia grega que se apaixonou por si mesmo. Pais narcisistas não conseguem impor limites para seus filhos, pois não suportam a hipótese de desagradá-los e não serem amados por eles. Faz sentido?

É interessante destacar ainda que o diagnóstico de TDAH leva em consideração que a desatenção e a hiperatividade registrem um nível maior do que os observados em crianças da mesma idade e desenvolvimento. Perceba que há uma comparação com a dita “maioria”. Por outro lado, é importante a gente pensar que cada pessoa é única, tem o seu jeito de ser e reagir ao ambiente. Podemos entender os sintomas como sinais de angústia da criança na presença de um conflito interno. Ela pode estar dando recado de que não está lidando bem com uma situação. A hipótese de TDAH surge geralmente nos primeiros anos da escola, quando as crianças enfrentam exigências sociais e são convocadas a dominar suas ações e emoções perante as regras sociais.

Outro fator importante são os diversos estímulos e demandas que atingem nossas crianças o tempo todo no mundo atual. São as informações que chegam a todo momento pelas novas tecnologias. São os apelos para o consumo dos mais diversos brinquedos, roupas e alimentos. Os vários compromissos de uma agenda cada vez mais lotada. Como não se distrair e cometer erros? Agir antes de pensar? Não ouvir a pergunta e já ir respondendo? Como não interromper os outros? Não esperar a sua vez?

Nossa sociedade atual estimula a gente a dar atenção àquilo que nos interessa, deixando de lado o que não interessa. Queremos resolver tudo ao mesmo tempo e acabamos por não solucionar nada, vencidos pelo excesso de euforia. Outra coisa: o exemplo é muito mais significativo para a criança do que qualquer ensinamento. Qual mensagem estamos transmitindo às nossas crianças? O comportamento que estamos exigindo delas é condizente com o ambiente que proporcionamos?

Assine nossa newsletter

e receba um conteúdo especial com muitas dicas
para contribuir com o Caminhar Saudável das nossas crianças

[dinamize-form id=”2935″]

previous thumbnail
Anterior
Pós-Pandemia: Como ajudar a criança na volta à vida “normal”
Próximo
Manual para criar filhos, realmente existe um? 
next thumbnail