Em meio a uma diversidade de síndromes e transtornos que se desenvolvem ainda na infância, talvez, um dos que mais ouvimos falar é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – TDAH. De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção – ABDA, o TDAH é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados, atingindo de 3 a 5% das crianças em todo mundo. Por mais que o assunto seja debatido, muitas vezes, é difícil saber quais sinais nós, pais, podemos detectar e como devemos agir nestes casos. Por isso, convidamos a psicóloga Carolina de Souza Bitencourt, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Análise do Comportamento, para nos ajudar a entender melhor o TDAH.
Principais sinais e comportamentos que crianças com TDAH apresentam
A Carolina nos explica que o diagnóstico pode incluir os subtipos desatento, hiperativo ou um quadro misto, incluindo os dois. Os sinais de cada subtipo são específicos. No subtipo predominantemente desatento, encontramos a dificuldade de prestar e manter atenção em tarefas, o não seguimento de instruções e a não conclusão das tarefas, a dificuldade de organização e a facilidade em perder coisas.
Já no subtipo predominantemente hiperativo os sinais são: agitar mãos e pés ou se remexer na cadeira, sair do lugar em situações em que deve permanecer sentado, falar demasiadamente, ter dificuldade para brincar ou se envolver em atividades silenciosamente.
Quando os pais devem procurar um profissional
A psicóloga recomenda que os pais procurem um profissional quando perceberem um agravamento na intensidade dos sinais/sintomas e prejuízos escolares, emocionais, familiares e sociais relacionados a isso.
O diagnóstico
Segundo Carolina, o diagnóstico é baseado, atualmente, no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V) ou no Código Internacional de Doenças (CID-11). “O processo inclui entrevistas e testagens com a criança, como também com os responsáveis, professores e outros profissionais de seu convívio. Os sintomas devem estar presentes em dois ou mais contextos em que a criança frequenta, além de ter início antes dos 12 anos de idade”, elucida.
Tratamentos
Ao receber o diagnóstico, são iniciados os tratamentos. A psicóloga explica que, no caso do TDAH, esse processo conta com tratamentos psicoterápicos que incluem Terapia Cognitivo Comportamental – organização, treino da atenção, memória de trabalho, regulação emocional, etc. – e o treinamento parental – aceitação familiar, auxílio no desmembramento das tarefas, etc. – para crianças em idade escolar. Em alguns casos, que possuem fatores como a intensidade e prejuízo dos sintomas, inclui-se o tratamento medicamentoso com acompanhamento psiquiátrico.
O que acontece quando a criança não recebe o tratamento
A falta de tratamento pode acarretar em prejuízos à criança. “A criança que não recebe o diagnóstico e tratamento adequado pode vir a ter baixa autoestima, problemas de relacionamento com os pais e amigos, além de baixo desempenho escolar”, adverte Carolina.
Dicas extras
A psicóloga Carolina também nos deixou algumas orientações quanto às atividades que podem ser oferecidas a essa criança e que auxiliam no tratamento e desenvolvimento pessoal. Segundo ela, jogos educacionais que envolvam a atenção, concentração e memória, com o objetivo de estimular os processos cognitivos, são ideais. Lembrando sempre que se deve respeitar a idade da criança, oferecendo propostas compatíveis. “Murais com a rotina exposta auxiliam na organização das crianças. Elas podem ser construídas com imagens, fotos ou escritas. Além disso, reforços positivos são essenciais para crianças que apresentam TDAH, como estrelas ao lado da tarefa concluída, por exemplo”, indica a profissional.