Ser tutor de um pet é uma grande decisão. É verdade que, quase todo mundo, adora se relacionar com doguinhos ou gatinhos. Sabemos também que a maioria das crianças é encantada pelos bichanos. No entanto, nós, papais e mamães, precisamos considerar que assumir a responsabilidade de cuidar de um animalzinho é muito mais do que apenas achá-los fofos e gostar de brincar com eles por alguns minutos. Além disso, ao decidir ter um pet, existe outra grande decisão a ser tomada: adotar ou comprar? Precisamos pensar sobre o assunto e estar atentos a alguns pontos relevantes. Quem nos ajuda a entender melhor o que considerar ao tomar essas decisões importantes é a médica veterinária, Bianca Schmidt, sócia-proprietária da clínica Vet Ponto.
– O que o uma família deve observar antes de tomar a decisão de ter um pet?
No momento de tomar a decisão sobre ter um pet, seja ele o primeiro ou não, indico considerar em primeiro lugar se você terá um espaço físico adequado, não necessariamente um grande espaço, mas um espaço no qual ele se sinta confortável e possa realizar as refeições, as necessidades básicas, algum exercício. Caso não tenha esse espaço, é preciso ter disponibilidade de tempo para fazer os passeios.
Também é preciso disposição de tempo para dar carinho e amor a este pet, principalmente nos primeiros momentos de adaptação, que é um período de transição importante. Depois, claro, diariamente também disponibilizar um período de tempo para este animal.
Outro fator importante, muitas vezes ignorado, é a disposição financeira. Não falo de uma disposição financeira ampla, mas uma que comporte as necessidades básicas, porque nós vamos precisar de ração, de cuidados médicos, de vacina, de alguns cuidados preventivos com ectoparasitas como pulgas e carrapatos, eventualmente vermífugos. Caso o animal sofra algum tipo de acidente ou briga, também é preciso estar preparado com reserva financeira.
– O que se deve observar na hora de adotar um pet?
Na hora de adotar, a primeira coisa que indico é encontrar o pet pessoalmente, porque as pessoas, muitas vezes, acham um filhotinho muito bonitinho, um cachorrinho muito bonitinho e já decidem antes de conhecer a personalidade desse pet. O animal, às vezes, pode ser agressivo, pode ter algum trauma. Após o encontro presencial com o pet, é importante conversar com a pessoa que conhece o animal ou que pegou aquele animal, seja da rua, seja dos pais, para que essa pessoa lhe dê todo o histórico desse pet. Assim, você saberá se ele se encaixa com a sua personalidade e da sua família.
Também é preciso considerar se você tem disponibilidade de tempo e disponibilidade emocional. Porque é muito traumático para um pet quando a adoção é feita no impulso, na emoção, e depois esse animal é devolvido. Essa é uma decisão que deve ser muito ponderada. No momento em que você está adotando um animal, se torna responsável afetivamente por ele. Tem que ter responsabilidade afetiva, ele não é descartável! É preciso desenvolver essa consciência. Indico, até mesmo, levar o pet para conhecer o seu ambiente antes da adoção para ver se ele vai se adaptar.
E quais são os aspectos positivos da adoção?
Os aspectos positivos são benefícios que já estão até intrínsecos, são inerentes ao processo de adoção. É maravilhoso que nós tenhamos como cuidar, amar, dar carinho e prover tudo que precisa para suprir as necessidades básicas daquele animal. Vejo como um ganha-ganha. Aquele animal terá o carinho, terá o amor, o acolhimento e a pessoa também terá aquela companhia, aquele amor incondicional. Eu vejo que as pessoas, nessa pandemia, também perceberam o quanto elas gostam dessa companhia, o quanto elas têm disposição, o quanto elas têm a oferecer e, além do quanto elas gostam de receber. Eu vejo como uma troca, um momento muito sinérgico que todo mundo oferece aquilo que tem para dar.
Em especial, quando temos uma família com filhos. Ensinar o respeito aos animais, o cuidado, a responsabilidade afetiva, também é muito importante no crescimento das crianças. Ensinar que os animais não são descartáveis, porque, se eles estão em situação de rua, nós também temos uma responsabilidade em relação a isso. Não é legal fazer um movimento correto, fazer adoção, e posteriormente descartar aquele animal, essa consciência é importante ser desenvolvida tanto nas crianças quanto nos adultos.
– O que se deve observar na hora de comprar um pet?
Em relação à compra do Pet, o primeiro passo é conhecer o animal, essa é uma triagem importante tanto na adoção, quanto na compra. Muitas pessoas compram animais de raça, então é importante verificar se o temperamento do pet é adequado para o local, para a família. Ao conhecer o pet pessoalmente, é possível identificar a personalidade dele e aproveitar para conhecer os pais, saber onde são criados. É importante estar atento aos locais onde será feita a compra, no caso, os canis e gatis. É necessário se certificar que são seguidas à risca as orientações de saúde e bem-estar animal, bem como, as regulamentações e normas éticas impostas para esses estabelecimentos. Visitar o canil e o local onde os filhotes estão é importante.
Quando falamos de compra, muitas vezes, estamos falando em comprar um filhote. É mais difícil a compra de um animal adulto. Quando nós compramos um filhote, precisamos ver o quesito imunidade. É necessário verificar se as vacinas foram realizadas por um médico veterinário no período correto. É importante ressaltar que o filhote somente poderá sair do ambiente anterior (canil ou gatil) após os 45 dias de vida, período onde ele já está com o desmame completo. Aos 45 dias, ele receberá a primeira vacina do protocolo vacinal. Salvo locais que realizam a vacina Puppy aos 30 dias. Porém, a orientação segue sendo a entrega do filhote após os 45 dias. Eu sempre solicito que a entrega não seja feita no mesmo dia da vacinação, peço para que seja realizada alguns dias depois, normalmente, aos 50 dias, para não haver uma sobrecarga.
A partir desse momento, podemos começar a preparar o ambiente para a chegada do filhote. A diminuição dos pontos de estresse atenua essa troca. Sempre recomendo que, após a retirada do filhote, o tutor leve ele para uma consulta pediátrica. Na consulta, avaliamos clinicamente o animal para descarte de doenças infectocontagiosas e orientamos sobre as próximas etapas de vida dele.
E quais os aspectos positivos da compra?
O aspecto que considero positivo é a possibilidade de programação. Na grande maioria das vezes, estamos falando de um filhote. Então, será possível prepararmos o ambiente, a consulta pediátrica com o médico veterinário e organizar a rotina a partir da data de entrega do animal. É possível fazer tudo isso de forma bem pensada, estratégica, que proporcione tranquilidade para o animal na troca de ambientes, minimizando o estresse. Além disso, você também pode escolher uma raça que se adaptaria mais ao seu contexto de vida: espécie, porte e temperamento. Algumas raças possuem funções especificas como guarda, pastoreio, suporte emocional ou de companhia mesmo. Algumas raças possuem mais facilidade de adaptação e de convivo familiar, o que também deve ser levado em consideração. A parte da programação é o ponto mais positivo porque ela traz maior conforto, saúde e bem-estar para o animal. Os sentimentos de amor incondicional gerados nesse encontro fazem bem para ambas as partes.
Com as dicas da vet Bianca ficou mais claro, não é mesmo?! Ela ainda deixou um último recadinho!
“Seja qual for a sua escolha, para nós, médicos veterinários, só importa uma coisa: os pets estarem em um lar com MUITO amor, MUITO carinho e com SAÚDE! Nós queremos ver nossos pacientes felizes, saudáveis e aproveitando a vida com seus tutores!” – Bianca Schmidt, médica veterinária.
Agora é só analisar direitinho qual escolha se adequa melhor à sua família!